sábado, 14 de dezembro de 2013

O Sábado Após o Mestrado



"se chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras,Então te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do Senhor o disse". Isaías 58:13-14






    Desde que me lembro, sou Adventista do Sétimo Dia. Quando penso em sábados, lembro-me dos cultos de pôr do sol na sexta à noite, com cheiro de bolo e vinis dos Arautos do Rei. Em uma casa que, para mim, parecia grande, com um assoalho bonito e sem nenhum irmão menor. Com o passar dos anos, não sentia mais o cheiro de bolo, mas o gosto de cachorro-quente com batata palha e salada, pepino em conserva e maionese, em uma casa cheia de irmãos mais novos. Quando todos iam dormir, eu deitava no sofá da sala, desligava a luz, ligava o som e passava um bom tempo ali ouvindo músicas e mais músicas, enquanto cada um, em seu quarto, ouvia comigo.

    Depois, eu vim para o internato. Sexta à noite tinha gosto alternado: hora cachorro-quente vegetal, hora pão com tomate, alface e queijo. Hora bolo de brigadeiro com coco, hora bolo gelado. Ela tinha cheiro de chapinha e imagem de maquiagens e vestidos com salto alto. Tinha som de secador de cabelo e batidas na porta para empréstimos de uma roupa ou um sapato. Depois da igreja, ela parecia com amigos, abraços e fotos. Até aqueles dias, meus sábados eram maravilhosos, mas nunca havia parado para pensar muito em quão especial esse dia realmente é.

    Mas depois que entrei no mestrado, eu realmente entendi a bênção do sábado. Para quem já fez ou faz um mestrado, sabe o quanto ele pode ser cansativo. Você passa 24 horas do seu dia pensando no que deve ler ou no que precisa entregar, o quão atrasado está seu projeto, aquele artigo ou no seminário que tem que apresentar. Você fica frustrado, pois tem muita coisa para fazer e não tem tempo de corrigir aqueles cinco artigos que você queria mandar para o tal evento ou para uma revista que você não conseguiu pesquisar para saber se é a mais indicada.

    Para mim, sábado é realmente deleite. Em meio a essa correria toda, em meio a toda essa angústia constante por prazos e leituras, é onde eu paro e fico apenas com meu Deus. Os meus colegas de mestrado me perguntaram certa vez sobre como era essa história de sábado. Eu respondi que era um dia no qual a minha mente parava de pensar em coisas pessoais, sem e-mails, sem artigos, sem textos ou projetos, e tudo isso sem o menor peso na consciência. Não importa mais se eu preciso passar o sábado todo na igreja ajudando, no ensaio do coral ou em um parque, se tenho um projeto em um asilo ou coisa parecida. Depois do mestrado, meu sábado não é mais medido por cheiros e gostos, sons ou imagens. Meu sábado é completo, pois ele acontece em meu cérebro, esquecendo tudo que tenho, todos os problemas, esquecendo tudo o que sou. Voltando minha mente ao meu Criador que refrigera minha alma e restaura minha mente e meu corpo do cansaço da semana. Para que depois do pôr do sol eu volte e tenha forças para continuar honrando o nome dEle durante as atividades da semana.

    Depois que entrei no mestrado, o sábado tem sido uma bênção. Não atrasei nenhum trabalho ou prazo por guardá-lo e sem essa pausa não sei como estaria agora ao final deste ano. Agora entendo como o plano de Deus para o sábado é maravilhoso e que todo ser humano, criado por Ele, deveria experimentar essa maravilhosa bênção. Essas horas, realmente, benditas, santas e felizes.