quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Felicidade Cinza

Eu era assim, mais viva, e a vida era assim, mais linda. Tinha cor, tinha som, onde foi parar? Onde fui parar nessa bagunça toda, neste cinza quieto?

Quando você é criança, você sonha em entrar na escola e aí pensa que lá será feliz, sem saber que já era feliz, sem se preocupar, apenas sendo. Entra na escola e pensa que quando chegar à faculdade vai ser feliz, e não vê que a felicidade estava sentada na carteira ao seu lado.

Quando vai para a faculdade, não quer ver a hora de terminar aqueles quatro ou cinco anos para ser a pessoa mais feliz do mundo, mas essa pessoa te deu adeus no dia da formatura. Era você o tempo todo, mas você nem notou.

Depois que isso acaba, você continua procurando onde ela está? E nem pensa onde quer chegar. Já cansou dessa busca, mas ainda não encontrou, ainda não faz o menor sentido... O pior é que você pode estar cometendo o mesmo erro de novo, mas só vai se dar conta quando isso acabar... Mas eu me pergunto, o que é isso? E me respondo... A vida. Quando acabar, não tem mais para onde ir, não tem o que buscar, e ela já terá escapado... Seja lá o que for que você procurava.

Ah, o tempo, esse aí, meu amigo, me irrita, me cansa. Ah, se desse para voltar e segurar ele, viver ele novamente. Mas ele se foi, e eu continuo aqui. Neste cinza quieto, nesta caixa de memórias velhas e deliciosas. Nesse mundo, nessa vida que para mim já não faz muito sentido, já não me dá tanta vontade. Sem ela, que, acredito eu, nunca existiu de verdade, ou foi embora tão rápido que sempre me fez falta.